Nossas conclusões acerca de opiniões e atitudes alheias decorrem quase sempre da nossa própria perspectiva e a sensação de aparente segurança que certezas pessoais e absolutas nos conferem. A maior agravante decorrente desse hábito é quando, por conta de generalização, rotulamos as pessoas – como frequentemente acontece em meio aos ânimos exaltados pelas discussões.
Apontar causas e justificativas nos dá uma falsa
sensação de segurança. Essa segurança é alimentada, fortalecida, e cresce na
medida em que a conclusão é compartilhada por um grupo. Mesmo abdicando da
independência do discernimento, é compensada pela segurança da sensação tribal,
atávica, de “pertencer”. Como na torcida pelos times de futebol, independente
do mérito, ou nas ideologias, quando a adoção das posições ideias “oficiais” do
grupo a que se pertence ou da maioria, substitui o discernimento.
A necessidade da segurança de estar certos é tal que, se não tiramos conclusões e nos aferramos a essas certezas, nos sentimos ameaçados, passamos a encarar qualquer opinião contrária como inimiga e preferimos destruir relacionamentos para defender nossas posições “certas”.
Até a Ciência se tranquiliza procedendo
desta forma, não hesitando em formular teorias absurdas para questões que
absolutamente não consegue explicar, para não admitir que ignora
respostas.
Tiramos conclusões criando uma teia de controle, principalmente quando
tagarelamos sobre elas. Não pedimos esclarecimentos, concluímos e acreditamos
estar certos.
Ao defender nosso ponto de
vista como “certo”, tentamos tornar a outra pessoa automaticamente “errada” e
ruim – mesmo não estando no lugar da pessoa para enxergar sob o seu foco.
Enxergamos e escutamos seletivamente o que queremos – inclusive ignorando fatos
- à fim de endossar conclusões e fortalecer o rótulo que colocamos em alguém ou
alguma situação. Interessante notar que o rótulo, por si, tem caráter profético
e parece já definir acontecimentos futuros.
Mesmo quando vemos e escutamos, mas não compreendemos, tiramos conclusões.
Quando
nos contam algo, tiramos conclusões e tomamos partido. Se não nos contam, a
necessidade de “saber” é preenchida com conclusões, pois é imperioso emitir
opinião e tomar partido.
Para
uma comunicação mais fluida e sem mal entendidos, é sempre melhor sermos mais
assertivos e não nos furtarmos a perguntar, ao invés de partirmos do
pressuposto de que conhecemos a verdade dos outros.
É
sempre melhor perguntar diretamente do que fazer suposições. O diálogo é sempre
melhor do que a discussão.
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