ELIANE HAAS

ELIANE HAAS

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sábado, 19 de setembro de 2020

SEXO & ESPIRITUALIDADE

Na origem da nossa linhagem espiritual, como em quase todas, existe a orientação para a abstenção da prática sexual antes e depois dos rituais.

No caso do Daime / Ayahuasca, nosso reverenciado Mestre Irineu Serra preconizou que nos abstivéssemos de práticas sexuais três dias antes e três dias depois dos Trabalhos. Alguns atribuem essa restrição a uma suposta “perda de energia” do homem, através do orgasmo – o que evidencia um machismo que ignora completamente a atividade feminina e deixa a questão sem justificativa plausível.

Quem conhece um pouco o funcionamento dos chakras (independente de sermos homens ou mulheres) sabe que a natureza das energias que eles movimentam são bastante diferenciadas e se destinam a funções específicas. Quando procuramos acessar os planos mais sutis de conexão com o Divino, necessitamos uma ativação dos chakras superiores, à partir do cardíaco.

Como os chakras inferiores são voltados para a força egóica, a libido e as funções sexuais ligadas ao nosso instinto de sobrevivência e aterramento – respectivamente – a densidade da sua ativação, embora importante em outras situações da vida, atrapalharia a elevação para planos mais sutis de Consciência.

Cabe a cada um, portanto, escolher a qualidade da sintonia e elevação no seu Ritual ou Trabalho espiritual.

Partindo desse raciocínio, é importante que se encare e preserve o corpo físico, da mesma forma que os corpos sutis. A pessoa que se entrega a uma prática espiritual de natureza cósmica, reconhece como Sagrados os seus corpos e respeita cada um deles, segundo a sua esfera de atuação.

Devemos honrar a nossa origem Divina – no caso de quem a reconhece como tal. E isso nada tem a ver com conservadorismo. Tem a ver com propósito inteligente.

Os prejuízos espirituais (ainda mais do que os físicos) decorrentes de relações sexuais triviais e promíscuas, nos aviltam energeticamente, pois acarretam indesejáveis sintonias com toda uma cadeia de desconhecidos, encarnados e desencarnados.

Encarnados que deixaram, junto a pessoa, nem sempre positiva marca energética (que não se dissipa facilmente) e desencarnados presos a densidade terrestre, que do ato participam, se alimentando das energias liberadas através do orgasmo.



A intimidade sexual entrelaça nossa energia com a de outras pessoas que interagiram, estabelecendo conexões invisíveis com Seres que, muitas vezes, comprometem a nossa “higiene” espiritual e psíquica.

O Ser humano está sempre à procura do outro. É natural.

Isso já foi magnificamente relatado por Platão, no seu Banquete.

Cada um deve conhecer as necessidades que compelem a sua busca e ser responsável por ela.

A repressão religiosa, com sua hipocrisia moral, se incumbiu de tornar a vida sexual das pessoas um verdadeiro inferno, que resultou numa sociedade profundamente doente e neurótica.

Então, a busca pelo seu equilíbrio sexual/emocional deve visar, prioritariamente, a sua própria integridade e contemplar a sua liberdade individual, pois aqui se trata de assunto de foro íntimo, que a ninguém diz respeito. Uma busca sem dogmas, mas comprometida com a fidelidade ao seu propósito maior e sobretudo respeito aos outros, para ter direito à contrapartida, que é se fazer respeitar.

Porém, tudo a seu tempo e no local adequado.

Pessoas que perdem a valiosa oportunidade que poderiam estar dedicando as suas questões íntimas, ao autoexame, a elevação da sua Consciência, se ocupando em contatar e seduzir outras, num recinto Sagrado, só evidenciam falta de amor próprio, descontrole e desrespeito.

Muitos podem considerar bem simplicista, alguém egressa de uma juventude vivida nos loucos anos 70 e agora em idade avançada, vir defender o ponto de vista acima exposto. Posso assegurar que, mesmo na fase de prevalência hormonal, sempre mantive essa convicção.

O ambiente em que procurei viver, tanto aqui como na Europa, assim como os estudos que passei a realizar à partir da adolescência, frutos de uma enorme curiosidade acerca dos mistérios da Vida e da Morte, da nossa humanidade e de outros mundos, me conduziram a interesses e uma escala de valores bem diversa da vigente na minha geração.

Essa instrução, fruto da experiência, coloco á disposição daqueles(as) que confiam na minha direção no Céu da Águia Dourada. 

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