Na origem da nossa linhagem
espiritual, como em quase todas, existe a orientação para a abstenção da
prática sexual antes e depois dos rituais.
No caso do Daime / Ayahuasca, nosso
reverenciado Mestre Irineu Serra preconizou que nos abstivéssemos de práticas
sexuais três dias antes e três dias depois dos Trabalhos. Alguns atribuem essa
restrição a uma suposta “perda de energia” do homem, através do orgasmo – o que
evidencia um machismo que ignora completamente a atividade feminina e deixa a
questão sem justificativa plausível.
Quem conhece um pouco o funcionamento
dos chakras (independente de sermos homens ou mulheres) sabe que a natureza das
energias que eles movimentam são bastante diferenciadas e se destinam a funções
específicas. Quando procuramos acessar os planos mais sutis de conexão com o
Divino, necessitamos uma ativação dos chakras superiores, à partir do cardíaco.
Como os chakras inferiores são
voltados para a força egóica, a libido e as funções sexuais ligadas ao nosso
instinto de sobrevivência e aterramento – respectivamente – a densidade da sua ativação,
embora importante em outras situações da vida, atrapalharia a elevação para
planos mais sutis de Consciência.
Cabe a cada um, portanto, escolher a
qualidade da sintonia e elevação no seu Ritual ou Trabalho espiritual.
Partindo desse raciocínio, é
importante que se encare e preserve o corpo físico, da mesma forma que os
corpos sutis. A pessoa que se entrega a uma prática espiritual de natureza
cósmica, reconhece como Sagrados os seus corpos e respeita cada um deles,
segundo a sua esfera de atuação.
Devemos honrar a nossa origem Divina
– no caso de quem a reconhece como tal. E isso nada tem a ver com
conservadorismo. Tem a ver com propósito inteligente.
Os prejuízos espirituais (ainda mais
do que os físicos) decorrentes de relações sexuais triviais e promíscuas, nos
aviltam energeticamente, pois acarretam indesejáveis sintonias com toda uma
cadeia de desconhecidos, encarnados e desencarnados.
Encarnados que deixaram, junto a
pessoa, nem sempre positiva marca energética (que não se dissipa facilmente) e
desencarnados presos a densidade terrestre, que do ato participam, se
alimentando das energias liberadas através do orgasmo.
A intimidade sexual entrelaça nossa
energia com a de outras pessoas que interagiram, estabelecendo conexões
invisíveis com Seres que, muitas vezes, comprometem a nossa “higiene”
espiritual e psíquica.
O Ser humano está sempre à procura do
outro. É natural.
Isso já foi magnificamente relatado
por Platão, no seu Banquete.
Cada um deve conhecer as necessidades
que compelem a sua busca e ser responsável por ela.
A repressão religiosa, com sua
hipocrisia moral, se incumbiu de tornar a vida sexual das pessoas um verdadeiro
inferno, que resultou numa sociedade profundamente doente e neurótica.
Então, a busca pelo seu equilíbrio
sexual/emocional deve visar, prioritariamente, a sua própria integridade e
contemplar a sua liberdade individual, pois aqui se trata de assunto de foro
íntimo, que a ninguém diz respeito. Uma busca sem dogmas, mas comprometida com
a fidelidade ao seu propósito maior e sobretudo respeito aos outros, para ter
direito à contrapartida, que é se fazer respeitar.
Porém, tudo a seu tempo e no local
adequado.
Pessoas que perdem a valiosa
oportunidade que poderiam estar dedicando as suas questões íntimas, ao
autoexame, a elevação da sua Consciência, se ocupando em contatar e seduzir
outras, num recinto Sagrado, só evidenciam falta de amor próprio, descontrole e
desrespeito.
Muitos podem considerar bem
simplicista, alguém egressa de uma juventude vivida nos loucos anos 70 e agora
em idade avançada, vir defender o ponto de vista acima exposto. Posso assegurar
que, mesmo na fase de prevalência hormonal, sempre mantive essa convicção.
O ambiente em que procurei viver,
tanto aqui como na Europa, assim como os estudos que passei a realizar à partir
da adolescência, frutos de uma enorme curiosidade acerca dos mistérios da Vida
e da Morte, da nossa humanidade e de outros mundos, me conduziram a interesses
e uma escala de valores bem diversa da vigente na minha geração.
Essa instrução, fruto da experiência, coloco á disposição daqueles(as) que confiam na minha direção no Céu da Águia Dourada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário