ELIANE HAAS

ELIANE HAAS

Todas as matérias podem ser veiculadas, desde que citada a fonte.

domingo, 30 de dezembro de 2012

IFISMO - Os Ensinamentos de Orunmilà (parte1)


Os babalawos (detentores dos segredos de Ifá) e demais sacerdotes apoiam seus argumentos em milhares de versos e mitos. Como meus artigos se destinam a informar leigos sobre a filosofia de Ifá / Orunmilá, não teremos a preocupação de citar  fontes.
Trata-se aqui de uma abordagem não tradicional, pois esta já é muito bem divulgada por africanos  familiarizados com o estudo de Ifá desde a mais tenra infância.


Ifá não pretende ser uma filosofia de penetração mundial e muito menos converter ou angariar fiéis. Seu propósito é reunir seus seguidores originais reencarnados na Terra para praticar seus ensinamentos e evoluir na sua jornada, como tantos outros, sob outras denominações e princípios, também o fazem.
Trata-se de uma tradição multi-milenar, se considerarmos a África como um possível berço do homo sapiens e este já estar habitando a Terra há cerca de 300 000 anos. (o sapiens sapiens há 120 000 anos).  Segundo esta tradição esses ensinamentos teriam sido entregues a espécie humana pelos mentores que aqui implantaram e desenvolveram a nossa espécie.

Ifá é quem determina, através do seu vastíssimo corpo literário, o correto procedimento para se lidar com as energias da natureza denominadas Orixás.
Os Orixás são, por sua vez, emanações Divinas que, antes do nosso nascimento em cada encarnação, contribuem com a sua energia para o bom cumprimento da nossa missão na Terra, nos instruindo e orientando sobre probabilidades que possam ocorrer, assim como as atitudes que, para o nosso bem, seria aconselhável tomarmos.
É óbvio que, transpondo o portal do nascimento, tudo isso é esquecido, embora permaneça gravado no nosso inconsciente e emergindo quando  nos conectamos com a centelha Divina em nosso interior.

Eles também podem responder e nos orientar quando consultamos o Oráculo sagrado.
Ifá é o instrumento de comunicação da Divindade Orunmilà, denominado Eleri Ipin – o testemunho da Criação. Aquele que sabe todas as respostas, por ser a Inteligência que retem e transmite os desígnios da Suprema Divindade Universal, Olodumare – de quem emanaram os multi trilhões de galáxias e a quem não ousamos nos dirigir. 
Orunmilà representa a Sabedoria que adveio para ordenar o big bang. É uma espécie de HD universal onde todas as informações estão armazenadas. No entanto, além de receptáculo é um HD inteligente. É a própria Mente do Criador.
Orunmilà se manifesta na Terra através de Ifá, com seus 256 Odus, que são signos inteligentes, padrões de destino.
Cada Odu possui características próprias e, como tudo no Universo manifestado, também aspectos positivos e negativos, vários caminhos e mitos que revelam sua história e particularidades.
Os Odus são os principais delineadores dos destinos humanos e do mundo que os cerca. São agentes cármicos.


Orunmilà responde aos humanos através de Ifà, que, por sua vez, se utiliza dos Odus. Como energias geradoras  dos seres humanos, os Orixás não interferem no destino pré acordado de uma pessoa, mas podem, sim, facilitar a sua bem-sucedida execução.

Para as pessoas acostumadas com filosofias religiosas que lhes impõem rígidas regras de conduta e aos transgressores ameaçam com castigos, Ifà pode parecer não restritivo, amoral e irresponsável, a ponto de “permitir” que cada um se comporte como bem entende. Seus aconselhamentos datam de um tempo ancestral em que, ao invés de proibir e punir, ao ser humano era confiado o direito do livre-arbítrio  e dele se esperava o necessário discernimento. 
Embora Ifà não estabeleça regras de conduta como as religiões de cunho moral o fazem, possui um código ético bem definido, que permeia todos os itan (mitos).
O primeiro Odu que veio ao mundo, Ejiogbe, teve como missão aperfeiçoar o padrão de conduta dos humanos em nome de um ideal construtivo, sempre servindo sem esperar recompensa. Colocou-se contra o caos das confusões, intrigas e trapaças. Aconselha a defesa da Verdade, ciente de que na integridade se encontra a maior recompensa. É um Odu que prega pureza e ética absoluta.

Encarnados em matéria, com necessidades, tentações e frustrações, temos na prosperidade e no comportamento com relação ao dinheiro o primeiro desafio que se contrapõe a nossa evolução espiritual.
Dinheiro é o passe para o mundo em matéria e Ifà é bem realista para não “demonizar” os bens materiais tão necessários a nossa sobrevivência, e a aquisição de elementos positivos para a nossa evolução na Terra, assim como o apego a elementos negativos que significam entraves para essa mesma evolução.
 
O segredo da energia dinheiro, como alimentá-la – compartilhando para que possa circular e multiplicar – com trabalho e sacrifício, é um ensinamento básico de Ifà.
A partilha do dinheiro tem sido e sempre será motivo para cobiças e guerras enquanto destinados a viver em matéria, sob o DNA vigente.
O poder extremo que o ser humano concedeu a manifestação da energia dinheiro, ao invés de usá-la e compartilhá-la como instrumento capaz de construir, transpondo barreiras e limites materiais para o bem comum,  acabou se transformando em seu algoz. Essa energia, quando fora de controle, conferindo um poder ilusório, acaba por devorar todas as virtudes que se possa ter adquirido no decorrer das muitas vidas no plano tridimensional.
Por isso Ifà adverte que as aquisições materiais, embora objetivo legítimo quando vem coroar a competência e o esforço no trabalho, não deve perder de vista a meia medida e a prioridade de promover e contribuir para o bem geral.
Enquanto a prosperidade é sadia, pois pode possibilitar o bem de muitos, a cobiça e a ganância que prejudicam o interesse alheio já trazem desequilíbrio, desagregam e acarretam sofrimentos que põem a perder uma encarnação inteira.

Segundo Ifà, o sucesso material conquistado às custas da exploração de outros é inútil e vazio, conduzindo ao nada.
Lidar com a prosperidade é um atrativo instigante – para os desavisados - e eficaz exercício de desapego, pois sua transitoriedade não permitirá que nos acompanhe na eterna Jornada. Um desafio que pode levar civilizações inteiras à derrota.


sexta-feira, 30 de novembro de 2012

A NOVA ORDEM CÓSMICA

A história remota do nosso planeta já atravessou, ao longo dos seus 4 milhões e meio de anos, Idades de Luz e Idades de Treva – ciclo do qual estamos saindo e que na linguagem das sagradas escrituras hindus denomina-se kali yuga.
O momento atual vem sendo assolado por presságios apocalíticos que chegam a profetizar a total destruição do planeta.
A descoberta da fissão nuclear que resultou na explosão de bombas atômicas marcou o início do período de transição para uma nova Era de Luz na Terra, porém não livre de ameaças sob ameaças catastróficas. Desde então, a Terra passou a ser preparada para uma nova etapa na sua e na existência dos habitantes que hospeda.

É óbvio que a Terra, como qualquer outro corpo celeste, não está entregue à revelia dos seus habitantes, para que dele e nele façam o que bem entenderem. Na Terra o livre-arbítrio dos humanos tem conduzido a espécie para situações de fome, injustiça social e guerras ininterruptas. As grandes descobertas científicas e catástrofes naturais ocorrem com o aval do Conselho de Mentores, composto por Seres Ascencionados de Luz, responsáveis por sua evolução desde os primórdios.
Em decorrência das ondas de energia de frequência mais elevada que passaram a ser emitidas por este Comando planetário, algumas pessoas vem se sintonizando com essas vibrações positivas, percebendo no seu íntimo uma espécie de “chamado para a Luz”.



Influenciadas por esse Chamado Interno, dedicam-se mais efetivamente a uma busca de valores espirituais, numa indagação sobre a sua natureza, procedência, verdadeiro propósito de estar aqui e do conhecimento sobre nossa verdadeira origem - a da nossa parte imperecível. Isto levou a mudanças na sua maneira de ser e, através de uma nova forma de ver o mundo, alinhamento com uma mentalidade diversa da vigente nas mídias.
À medida que mais se conectam com essa nova frequência, mais positivas se sentem e efetivamente vão se transformando.

Em contrapartida, conforme dizia Sathya Sai Baba, “quando aumentamos a intensidade da luz, também aumentamos a intensidade da escuridão - o que explica o aumento de violência irracional nos últimos anos” .

Então, a esmagadora maioria da população terrestre encontra-se cada vez mais inebriada e identificada com as disputas e a ilusão densa do mundo material ( que, por sua vez, se torna dia a dia mais fascinante e encantador, com suas possibilidades aparentemente ilimitadas), comprometida com as forças involutivas que, por sua vez, também se auto-alimentam e fortalecem, atraindo o nascimento de seres primitivos, identificados com essa escuridão.
Essa treva crescente se alastra e permeia "felicidades" nunca satisfeitas e desejos insaciáveis que cavam um buraco ilimitado de ansiedade egoísta, para culminar nas drogas, na ganância, na violência gratuita. Seres robotizados, nervosos e insensíveis que elevam a estatística dos crimes e dos acidentes.



Neste estágio caótico de preparação para a intervenção direta que está por vir na Nova Ordem Cósmica para a qual o planeta se prepara, torna-se bem evidente essa ruptura. Dois mundos absolutamente contrários convivem no mesmo espaço/tempo.
Pessoas que se afundam, de forma irreversível, na escuridão das suas almas até se autoconsumirem e outras que se percebem seres em plena evolução, alinhando-se rumo a mais um passo em direção a sua eterna jornada, segundo os desígnios do Grande Mistério e conscientes da sua natureza como poeiras estelares transmigrando de mundo em mundo.

Até que a grande mudança ocorra, catástrofes prosseguirão varrendo a Terra diariamente. A única forma segura de se passar ao largo e não ser arrastado para acidentes perversos ou ataques nefastos que, muitas vezes, nem estavam no nosso desígnio cármico, é o trabalho no exercício do autoconhecimento para, consumindo as trevas interiores, estar em condição de assegurar uma conexão mais compatível com as frequências de Luz para cá enviadas.

Após a necessária limpeza e "reformatação", a Nova Ordem Cósmica trará para os habitantes da nossa linhagem neste orbe, mais um ciclo de progresso real e menos doloroso, baseado na cooperação solidária, sem necessidade de legislações restritivas e punitivas.
Neste novo patamar evolutivo, quem a ele se alinhar poderá experimentar a real felicidade de vivenciar e integrar a rede do Poder Universal infinito, onde todos estão em um e cada um está em todos, transitando pela eternidade. 

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

ILUMINANDO A SOMBRA - 3

“ A projeção no nível do ego é facilmente identificável: se uma pessoa ou coisa, nos acusa, provavelmente não estamos projetando. Se nos abala, há boas chances de que sejamos vítimas de nossas próprias projeções”.
Ken Wilber – Encontrando a Sombra


Um dos artifícios mais enganosos - e engenhosos - da nossa sombra para manutenção da zona de conforto do auto-engano é a projeção. Trata-se de uma transferência inconsciente de comportamentos nossos para outras pessoas, fazendo-nos repudiar essas características, acreditando que são estranhas a nós mesmos.
Aspectos da nossa personalidade que nos parecem inaceitáveis e que não gostaríamos de assumir, são atribuídos a objetos externos ou a outras pessoas.
Sempre que algo nos aborrece ou perturba profundamente, é porque não estamos querendo assumir esse aspecto em nós mesmos. Isto porque uma considerável carga emocional gerada pelo comportamento da outra pessoa só nos afeta quando mentimos para nós mesmos, detestando e procurando ocultar e ignorar essa mesma característica.
Tudo o que gera indignação, principalmente os preconceitos inexplicáveis, refere-se a algum aspecto não ou mal resolvido de nós mesmos.
Esse processo se inicia, em geral, simultaneamente a confecção das máscaras que passamos a usar para encobrir partes de um verdadeiro Eu que, tememos, não obtenham a aceitação/admiração geral. Projetamos nos outros as nossas deficiências inconfessadas e, muitas vezes, dizemos a eles o que seria mais apropriado dizer a nós mesmos.
Nada do que dizemos ou fazemos é acidental. No universo holográfico estamos em tudo e tudo está em nós.
Sempre que julgamos alguém, seria importante ter a lisura de examinar com toda sinceridade e nos indagar se ele não poderia ser atribuído a nós mesmos. Como diz o ditado popular, “quando apontamos o dedo para acusar alguém, há três dedos voltados para nós”.


É nesta oportunidade que a Ayahuasca, com sua clareza e imparcialidade, permite que nos perguntemos, na intimidade do Ser: - quando fui assim ou agi dessa mesma forma ?




Vivemos diante de espelhos – as outras pessoas - que refletem emoções, comportamentos e sentimentos que procuramos esconder.
A Ayahuasca é capaz de iluminar esses aspectos para que possamos reconhece-los e recuperá-los.
Uma vez que incorporamos determinada característica, outras pessoas que a compartilham já não estabelecerão um vínculo conosco, deixando de nos afetar.
È importante também observar a projeção de aspectos positivos que detectamos nas outras pessoas. Sua inteligência, sua beleza, seu poder, seu sucesso. Se queremos “ser” como a outra pessoa é porque dispomos de potencial para também sermos assim. Neste caso, a tarefa será descobrir, desvelar no nosso interior aquela mesma faceta, ainda que em estado bruto.
Procurando viver a altura do nosso potencial total, não precisaremos projetar os aspectos daqueles que o conseguiram. Desconectando deles esses aspectos, poderemos retomar a sua posse e, através de uma plena realização, ficaremos cada vez mais centrados em nós mesmos, ao invés de nos ocuparmos dos outros – sejam eles objeto de repulsa ou admiração.
O que nos abala emocionalmente – seja positiva ou negativamente - pode transformar-se num catalisador para o nosso crescimento.
A projeção é um artifício benéfico, capaz de revelar aspectos nossos que talvez permaneçam ocultos durante toda a vida. Recuperando esse determinado aspecto, temos a possibilidade de integrar a totalidade do nosso Ser.

domingo, 28 de outubro de 2012

ESPIRITUALIDADE NA MATURIDADE

“ o ancião detém o acervo da sua ancestralidade. Quando o mundo não cultiva saberes ancestrais , o povo não sabe de onde vem nem para onde vai”.
                                                            Pajé Santixiê Tapuia – do povo Tapuia Fulniô

A partir da meia idade ocorre geralmente uma crise existencial acompanhada, muitas vezes, de uma sensação de vazio e depressão.
Antes voltadas para a realidade externa - na luta pela sobrevivência e realização profissional – as pessoas priorizaram o consciente, relegando o inconsciente a um plano secundário.
Já no processo de envelhecimento, os afetos passam a pesar mais do que os conceitos – que eram ferramentas úteis para o bom desempenho na vida prática, no plano material, tendo como metas, sucesso e poder.

Respeitando os ciclos naturais afetivos, diríamos que, se na infância predomina filos, na vida adulta predominaria eros e na maturidade haveria a necessidade de se vivenciar ágape.
Isto significa honrar os ciclos impermanentes da Vida e feliz daquele que pode cumpri-los todos. A velhice é um deles e, diríamos até, seu ponto culminante.

Sublimando a depressão, prosseguem insistindo em repetir os passos de sempre, fazendo (ou tentando fazer) as mesmas coisas – o que gera frustração, devido as evidentes limitações. Numa sociedade narcisista que cultua a beleza física dentro de um padrão bem particular e idealizado, a velhice se encontrará cada vez mais deslocada.
Perante o desafio de enfrentar mudanças biológicas e psicológicas, alguns acabam numa tentativa patética de perseguição do corpo perfeito, numa solidão crescente perante o declínio inevitável.

Outros já se conscientizam de que responder as demandas emocionais de um corpo perecível, sujeito à dor e à decadência significa manter-se presa de desejos nunca satisfeitos. Voltam-se para o verdadeiro Eu, imortal, invulnerável e independente de um veículo físico.
Procuram compensar a frustração buscando a Espiritualidade. Perante o declínio físico e para fazer frente ao desamparo da finitude eminente, apegam-se a uma fé que lhe assegure a “vida eterna”. Ocorre, frequentemente, o resgate de uma crença familiar e esquecida, não livre de culpa, marcando o retorno a velha religião, reminiscência da sua infância, não raro institucional e dogmática.

- O que significa Espiritualidade para vc ? teria necessàriamente algo a ver com religião ?

Há os que enfrentam o envelhecimento como um processo de amadurecimento ligado a uma reorientação da consciência espiritual.
Passam a cultivar outros valores. Quando voltados para o corpo, haverá de ser para um corpo sadio e harmônico e não para um corpo que corresponda aos vigentes padrões de beleza. Saudável em toda a sua plenitude, servindo de instrumento para um balanço sobre todo o vivido, o fracasso ou a realização das metas estabelecidas, a busca do sentido de uma vida prestes a se encerrar.

Espiritualidade seria um processo de expressão dos níveis mais profundos do inconsciente. Uma conexão entre o Divino Interior e a Suprema Consciência Cósmica, que nos faz sentir parte do Todo. Seria a união dos, até então dissociados, conteúdos distintos da psique. Um processo rumo à transcendência e à integridade.
Nesta vivência da Espiritualidade, à medida que as máscaras – tão úteis para a sobrevivência e o sucesso no plano material - vão caindo, vai-se resgatando aquele ser pré-adolescente, num processo inverso à infância e ao parto. Permanece o que é perene, a essência.
É em forma de essência pura, despidos das cascas do ego, que deveríamos partir daqui.
Quem consegue transmutar conhecimento adquirido em sabedoria, realizou a plenitude do seu Ser, na encarnação atual.

Esse enfoque da Espiritualidade passa pelo autoconhecimento. Não é através de mentalizações da Luz que nos iluminamos, mas sim quando penetramos as regiões abissais da nossa escuridão mais profunda.

Na nossa sociedade atual / ocidental, como consequência do desrespeito à sacralidade da Vida e total desconexão com a Natureza, a velhice é achincalhada e relegada ao afastamento, como estorvo obsoleto.
A civilização do culto ao “agora” - que no momento seguinte já é descartável, valoriza o corpo jovem e suas novidades, num estranhamento as suas origens e com tudo o que veio antes - com o que aqui já estava e com os ciclos evolutivos do próprio Planeta.
Nela o ancião e o peso da sua experiência são desprezados como ultrapassados, pois tudo ocorre de maneira vertiginosa, como se a História pudesse ser reescrita a partir do zero, a cada dia.

Todas as culturas nativas da Terra reverenciam a ancestralidade e honram os anciões como elo que une o que foi ao que será, poi quem não olha e honra de onde veio, dificilmente saberá valorizar e estabelecer metas para onde vai.
As civilizações ditas primitivas respeitam os seus velhos como depositários de uma herança que permitiu que estejamos aqui hoje.
Òbviamente, o simples fato de ter atingido idade avançada não outorga ao idoso legitimidade como guardião das tradições e da sabedoria ancestral do seu povo.
Aquele que não consegue cumprir o processo de integração (consciente/inconsciente), sucumbe, muitas vezes, a um processo de infantilização e até a uma quase demência. Não se poderia, portanto, generalizar e identificar em cada ancião o arquétipo do “velho sábio”, pois há individualidades que não se realizam.

No final da década de 60 surgiu na sociedade ocidental uma experiência cultural transformadora que implantou um novo paradigma voltado para uma concepção holística da Natureza e da Espiritualidade, que contemplava desde o ocultismo metafísico, até as práticas de meditação orientais e de estados alterados de consciência, a filosofia budista, a teosofia e suas ramificações , até a psicologia transpessoal e uma medicina voltada para a manutenção da saúde .
Este movimento eclético e multicultural – conhecido como Nova Era - vem influenciando também uma Espiritualidade alternativa desenvolvida por pessoas que não se alinham as religiões institucionais e dogmáticas.

No limiar do atual milênio há movimentos crescentes de resgate da memória ancestral, onde anciões são reconhecidos como lideranças dos respectivos povos, num propósito de reconexão com os significados essenciais da Vida, para que juntos possamos cuidar do nosso planeta e do bem viver da humanidade na Terra.
Trata-se de uma tomada de consciência rumo a um caminho inverso - que contempla não o consumo desenfreado, mas o respeito aos recursos finitos e a sustentabilidade como valores essenciais para a sobrevivência nossa e dos que virão, incluindo as espécies animais e vegetais. Da mesma forma, a preservação das espécies imateriais, expressões da criação humana, como a música, as artes, a literatura.




Um exemplo disso foi o Encontro do Conselho Internacional das Avós Nativas, realizado em Brasília no ano passado.

Representantes anciães, lideranças das mais diversas etnias da Terra vieram, neste momento tão crítico que o Planeta atravessa, reverenciar, valorizar e discutir o “ontem” através da ancestralidade que nos conduz ao presente e a um futuro que conjugue valores culturais, sociais, econômicos e ecológicos.

Resumo da palestra proferida pela autora na UNIFESO (Centro Universitário Serra dos Órgãos) em 26/10/12.

domingo, 30 de setembro de 2012

A MÚSICA NO NEOXAMANISMO

A música – a Arte das Musas - foi, talvez, a primeira manifestação artística da humanidade. Tudo indica que, antes de registrar nos muros das cavernas divindades e animais, a espécie humana já produzia sons com a finalidade de reproduzir os sons da natureza e afastar o medo, não se sentindo tão só.

Como a música é algo que desvanece no tempo, sem existência palpável no espaço, a sua História que data de, pelo menos, 300 000 anos, só conta com registros recentes. Torna-se tarefa difícil para a Arquelogia estabelecer, mesmo através da forma de antigos instrumentos musicais reproduzidos pictoricamente, o tipo de música que criavam. Tentativas neste sentido não passam de especulação.

O indivíduo capaz de produzir música que encantasse os demais e sobretudo “tocasse” o Divino manifestou-se desde o paleolítico e, por conseguinte, a prática Xamânica tradicional desde sempre esteve estreitamente ligada ao fazer musical.

Esticando-se a pele curtida do animal abatido, construíram-se os primeiros tambores. Ossos transformaram-se em flautas e a voz humana – com ou sem conteúdo verbal – reverenciava a Criação e seus Deuses – emanações da Divindade Suprema, o Grande Mistério.

Mesmo servindo ao caráter lúdico das festividades dançantes e ao entusiasmo heróico das guerras, nunca perdeu seu vínculo divino do músico com o Poder Superior.

Os instrumentos musicais tornaram-se também instrumentos de Poder, responsáveis não só pelo encantamento estético, mas também para transportar o ouvinte a realidades supra-sensoriais e realizar tarefas em outros níveis vibratórios.

A importância efetiva da música nesses níveis é tal que, além de afetar o ser humano através da sua herança filogenética, conforme atesta a recente disciplina da Musicoterapia, segundo o revolucionário best-seller “A vida secreta das plantas, de Peter Tompkins e Christopher Bird”, até as plantas são capazes de sentir e reagir às ondas sonoras puras e também às musicais - ou seja, inteligentes.

No Neoxamanismo a tecnologia de ponta da nossa época possibilitou uma prática musical mais sofisticada e rica, ampliando nosso universo sonoro através da incorporação de timbres e linguagens musicais vinculadas a múltiplas etnias, utilizando desde os mesmos instrumentos do paleolítico, até instrumentos eletroacústicos.

Para servir ao propósito inicial Xamânico, que permanece o mesmo desde os primórdios, o músico deve deter o domínio absoluto do seu instrumento. Isto requer, além do básico talento inato, décadas de dedicação ao instrumento. Então, ser um Mestre na técnica do seu instrumento para transformá-lo em veículo do Grande Mistério e suas Hierarquias, deveria ser condição primordial.

Infelizmente, as aparentes facilidades que a tecnologia atual permite, conduzem, muitas vezes, a um mal entendido onde o iniciante na Arte da Música julga-se já apto a submeter o seu fazer musical aos ouvidos alheios, esquecendo-se de que aprendizado se faz em casa.

Principalmente num estado alterado de consciência, essas tentativas canhestras se agigantam, surtindo o efeito contrário de caos e desarmonia, que acaba comprometendo o propósito do ritual e impedindo o “voo” às esferas superiores.

                                      
Em decorrência disso, seria aconselhável uma tomada de consciência e autoexame por parte daqueles que se pretendem músicos, para só exercer a sua função de serviço no Trabalho Xamânico, quando realmente alcançarem a excelência de se fazer ouvir pelos homens e pelos Deuses, e não para alimentar o seu próprio ego.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

ILUMINANDO A SOMBRA - 2

Conforme observamos anteriormente, dispondo dessa verdadeira Luz Divina – que é o maravilhoso instrumento Ayahuasca – as Jornadas neo-xamânicas no Céu da Águia Dourada são voltadas para o Trabalho de mergulhar na mais profunda intimidade desse nosso Eu velado, para ali desmascarar, iluminar e transmutar aspectos sombrios da nossa personalidade – que anuviam o cristal límpido que deveria ser extensão e reflexo da Luz Maior.
A verdade é que cada ser humano consiste, desde que se manifesta como individualidade, numa “tabla rasa” com todas as características e potencial inerente a sua espécie.
A educação e o trabalho pessoal no sentido da sua própria evolução, no decorrer das várias encarnações, é que vão delinear as diferenças que se manifestam, por vezes, gritantes. Mas, no fundo, somos todos iguais e – com exceção de alguns boddhisatwas que na Terra permanecem em voluntária missão de serviço – nosso planeta é uma Escola de nível ainda baixo, frequentada por alunos com potencial capaz de manifestar, dependendo do estímulo, uma pequena gama de dons que vão desde a mais obscura treva até a resplandecente partícula da Luz Divina.



Ao tomar consciência de que não somos assim tão diferentes dos nossos mais empedernidos “semelhantes”, podemos desenvolver, não um perdão imposto pela religião, mas uma compreensão reconciliatória com todas as fraquezas humanas. Um amor genuíno que reconhece, porque se identifica, uma irmandade verdadeira. Só quando nos identificamos com as falhas alheias é que somos capazes de manifestar uma compaixão sincera, não imbuída de orgulho e falsa superioridade.
No momento em que admitimos que a totalidade de possibilidades faz parte de nós, demolimos preconceitos e somos capazes de nos tornar aquilo que queremos ser, em toda a sua plenitude.

Nesta conscientização está a chave para a verdadeira Liberdade e a realização plena do Ser íntegro para o qual fomos “projetados” e é justamente para este exercício de auto-conhecimento que as nossas Jornadas no Céu da Águia Dourada têm se voltado.
Não é tentando, incessante e insistentemente, visualizar a Luz que nos iluminamos, mas sim tomando consciência da escuridão.

terça-feira, 31 de julho de 2012

ILUMINANDO A SOMBRA

Conhece-te a ti mesmo
Templo de Apolo – Delfos

Desde a infância fomos educados para revelar ao mundo apenas os melhores e mais agradáveis aspectos do nosso Eu. Enquanto isso, um Eu oculto, pleno de emoções e comportamentos inaceitáveis e inconfessados é silenciado. Raiva, inveja, vergonha, mágoa, ciúme, falsidade, ganância, luxúria, agressividade... enfim, tudo o que não gostaríamos de ser, que gera frustração e deve permanecer oculto para que nos apresentemos ao mundo de forma a merecermos respeito e amor, nem por isso deixa de existir e sobrevive sob uma espécie de máscara que apresentamos ao mundo, pois aquilo com o que não conseguimos coexistir, não deixa simplesmente de existir.
Esses conteúdos da nossa personalidade censurados e rejeitados por medo, ignorância ou falta de amor, foram estudados por Carl Gustav Jung e por ele denominados “sombra”.
Com o passar dos anos esse lado “sombrio” do nosso Ser vai se solidificando tão profundamente que acaba bem escondido de todos com quem interagimos e de nós mesmos. No entanto, essa traição aos nossos impulsos e sentimentos mais genuínos, com a finalidade de sermos amados e aceitos, é uma artimanha que a médio ou longo prazo, custa muito caro. Apenas quando nos conhecemos profundamente e por isso podemos nos aceitar e perdoar, somos capazes de viver e apresentar a plenitude do nosso Eu verdadeiro em todos os nossos relacionamentos.
É por conta do fortalecimento e obscurecimento da sombra no nosso inconsciente, que muitos acabam insatisfeitos, abandonando o caminho do crescimento espiritual. Dispondo de autocrítica, eles se apercebem de que continuam estagnados, repetindo os mesmos erros e revivendo situações dolorosas nas suas vidas.

O trabalho para a evolução do Eu – que se baseia no autoconhecimento - é a tarefa principal na senda da Espiritualidade. Esse trabalho é desafio e mérito de cada um, não podendo ser aliviado ou, miraculosamente, tomado como responsabilidade de algum guru, santo, entidade, guia, divindade ou Deus.

No plano Espiritual as chances são sempre igualitárias e não há “pistolão” ou protecionismo.

Dispondo dessa verdadeira Luz Divina – que é o maravilhoso instrumento Ayahuasca – as Jornadas neo-xamânicas no Céu da Águia Dourada são voltadas para esse trabalho : mergulhando na intimidade desse nosso Eu velado, desmascarar e ali iluminar e transmutar aspectos sombrios da nossa personalidade.

É através de um Eu bem resolvido e íntegro que nos tornamos aquele cristal límpido, extensão e reflexo da Luz Maior.

domingo, 1 de julho de 2012

JUDAISMO x CRISTIANISMO - DIFERENÇAS

No momento presente em que, através de algumas entidades religiosas como a Congregação Judaica do Brasil, se evidencia uma abertura na difusão do Judaísmo, surge também o interesse sobre essa religião. São perguntas pertinentes a essa matéria que procuraremos responder com o presente artigo. Embora o Cristianismo tenha surgido no seio do Judaismo, as lideranças que estabeleceram os seus dogmas romperam com suas origens, criando uma religião baseada em crenças bem diversas.
1 . Para o Judaismo todos os seres humanos são filhos de Deus em condições iguais, não contando com privilégios e merecedores de amor e auxílio, independente de crerem Nele ou não.
Não se considera “certo” nem vincula o fato de ser judeu a ser automaticamente uma pessoa melhor que as outras ou alcançar, quando morrer, um status especial. Pelo contrário, considera a possibilidade de qualquer um viver de forma ética, independente da sua opção religiosa. Ninguém é “maldito”, menos “filho de Deus” ou discriminado negativamente por pertencer a esta ou aquela religião.
Não se considerando o único caminho para uma eventual “salvação”, não há motivo para existir no Judaismo a prática do proselitismo (conversão). Ser judeu significa apenas ser guardião de uma mensagem Divina, devendo, como tal, servir de exemplo para o restante da humanidade. Considera-se privilegiado por ser o guardião dessa mensagem, mas esse privilégio implica apenas em maior responsabilidade.
O Judaismo não acredita que pessoas não-judias estarão fadadas a “ir para o inferno” ou que judeus serão beneficiados simplesmente por pertencerem a essa tradição religiosa. O que conta é a conduta individual e assim, o Judaismo apenas acredita oferecer uma melhor oportunidade para que o indivíduo conduza a sua vida dentro de princípios éticos.
2. Sob a visão judaica, os seres humanos não nascem inteiramente bons ou maus. Existem inclinações e o livre-arbítrio para fazer suas escolhas, decidindo por si mesmos como agir e, de acordo com a escolha, obter merecimento. Há a possibilidade de aprender e evoluir espiritualmente.
Não existe no Judaismo a ideia de que as pessoas dependam da interferência de terceiros para obter benesses. Não há tampouco a crença num “pecado original”, uma mácula do mal que as pessoas tragam consigo ao nascer e que deva ser removida através de algum ritual ou pelo reconhecimento de que esse estigma do mal, o “pecado de ter nascido da carne”, será removido pelo reconhecimento da morte sacrificial de Jesus.
Para o Judaismo não há a possibilidade de alguém expiar as falhas de outros, pois cada um é responsável por si. Se para os cristãos não há outra forma de “salvação” a não ser através de Jesus, para os judeus ninguém é capaz de invalidar os mau-feitos humanos e a única maneira de se alcançar bênçãos divinas é através das suas atitudes. Ninguém pode assumir a responsabilidade pelo outro, pois isso iria contra a ideia de justiça, tão presente no Judaismo.
3. Sendo o Judaismo uma religião predominantemente ética, os rabinos e estudiosos concentraram-se mais na condução da vida na Terra do que na vida pos-mortem. As questões que envolvem esse tema e de que forma as pessoas seriam punidas ou recompensadas ao término da vida na Terra, encontram enfoques variados, de acordo com as inúmeras correntes dentro do Judaismo.
Alguns consideram que, sendo Deus infinitamente pleno de amor e misericórdia, não poderá haver punição eterna, que a reabilitação será um desfecho óbvio e que a punição deverá ser proporcional ao sofrimento causado a outros, quando em vida. Correntes ligadas à mística judaica concebem a ideia da reencarnação.
4. O aspecto fundamental do Judaísmo é a noção do monoteísmo, ou seja, a ideia de um único Deus, Supremo Criador de todo o Universo. Não pode admitir, portanto, o conceito da Santíssima Trindade (onde Deus é composto de Pai, Filho e Espírito Santo) ou de que Deus possa ter encarnado na Terra – após seus quatro bilhões e meio de existência e em meio a trilhões de galáxias - na pessoa de um filho predileto, que formaria com Ele uma só divindade.
Para o Judaismo isso invalida a noção de monoteísmo, mesmo que a Trindade ou que Deus-Pai e Deus-Filho sejam, através de um “mistério” inquestionável e inexplicável, declarados um só Deus.
O monoteísmo judaico considera como premissa primordial que Deus é Um, singular, primeira e única Força criadora e destruidora.
5. O ponto crucial que separou judeus e cristãos, causando tanta perseguição ao longo dos últimos dois milênios, marcando os judeus com o estigma da “estranheza” e o de “não pertencer” ao resto da humanidade cristã (a única digna de ser abençoada por Deus) é Jesus.
As religiões cristãs baseiam-se na crença de que Jesus é o Filho dileto de Deus e o Messias salvador de almas, Deus encarnado em matéria que veio à Terra para assumir os pecados dos seres humanos, livrando-os – sòmente àqueles que aceitarem a sua divindade única - para todo o sempre, das suas responsabilidades.
Para os judeus Jesus foi um grande mestre e mago, como qualquer outro ser humano pode se tornar e tão divino quanto qualquer ser humano é. Na visão judaica todos os seres viventes são filhos de Deus e nenhum é Deus-filho.
Só Deus tem a capacidade de interferir nos destinos humanos e a única maneira de absolver pecados é buscando o perdão e uma possível reparação através do arrependimento e não incidindo nos mesmos erros.
O Judaismo não pode aceitar a possibilidade de uma ressurreição da carne, uma vez que a matéria é perecível e constitui apenas um veículo transitório para a vida na Terra.
Para os cristãos Jesus substituiu a Lei judaica entregue a Moysés através de revelação Divina, como instruções de conduta. Para os judeus os mandamentos e a própria Lei são irrevogáveis.
Para os cristãos Jesus é o Messias anunciado pelos profetas bíblicos. O Judaismo não reconhece a chegada do Messias à Terra, porque, de acordo com essas profecias, Ele implantaria uma era de paz e total entendimento entre os povos, fazendo com que “as espadas se transformassem em arados”.
Como isso não ocorreu – muito pelo contrário – as guerras e até disputas religiosas recrudesceram pelas mãos das próprias instituições cristãs, Jesus não pode ser reconhecido como o Messias prometido.
O Messias pode vir a ser, inclusive, não uma pessoa, mas o símbolo de uma Nova Era.

terça-feira, 29 de maio de 2012

NEO-XAMANISMO NO CÉU DA ÁGUIA DOURADA

Conforme mencionado em artigo anterior, o trabalho com a Ayahuasca, conforme o concebemos no Céu da Águia Dourada, é essencialmente um processo de busca do autoconhecimento e do conhecimento de outras dimensões.

O aconselhamento xamânico constitui uma forma de acesso e recuperação de informações através do canal subconsciente utilizada pelas civilizações arcaicas, podendo, no entanto, ser adaptada ao contexto da atualidade, através de um conjunto de técnicas que possibilitam o indivíduo aprender a transpor as barreiras entre os mundos físico e o visionário.

O Xamanismo não concebe dogmas ou vincula-se a alguma religião formal mas apoia-se na convicção de uma Rede Universal de Poder que sustenta toda a Vida. Todos os elementos que constituem o meio ambiente são dotados de espírito, estão interligados e deste equilíbrio depende a sobrevivência da humanidade. Esta Rede de Poder da Natureza é, além de princípio doador da Vida, fonte de toda atividade bem sucedida quando com Ela nos harmonizamos.
Quando salientamos como “neo” a nossa forma de Xamanismo, temos apenas o intuito de esclarecer que não nos situamos atrelados a alguma tradição ou adotamos princípios de uma civilização diferente daquela na qual nascemos na atual encarnação. No entanto, utilizamos nas nossas práticas recursos modernos possibilitados pela tecnologia atual, além dos antigos resgatados / adaptados.
A mentalidade libertária e holística da Era de Aquário veio “ levantar o véu” de muitos conhecimentos durante milênios adormecidos ou “calados” por força de uma censura que procurou igualar e uniformizar a maravilhosa diversidade da inteligência e da espiritualidade humanas.
Não obedecemos a normas de uma organização, não seguimos regulamentos nem nos deixamos limitar por doutrinas. Cada um é livre para crer, colocar em prática os ditames da sua consciência e arcar com a responsabilidade implícita nessa liberdade. A nossa é uma Escola de busca da nossa Verdade interior e de prática espiritual.
Independente da uma crença ou convicção pessoal, qualquer um pode praticar e beneficiar-se das técnicas aprendidas.

A atuação xamânica é bem pragmática e apoiada na funcionalidade. Determinados métodos ou práticas se comprovaram eficazes e ao sucesso dos resultados palpáveis se deve o fato do Xamanismo ter podido sobreviver ao longo dos séculos, apesar das tentativas generalizadas e incansáveis de missionários cristãos para os quais ele representava séria ameaça a sua estrutura hierárquica de cunho submisso e inquestionável, assim como também da rejeição plena de superioridade do racionalismo cartesiano.

Hoje “absolvido” pela Antropologia, emerge para a “civilização” como prática que se alinha junto as psicoterapias modernas.
Nas tradições antigas o xamã geralmente era selecionado por herança ou mediante acidente / enfermidade que implicasse em risco de vida, submetendo-se a um treinamento rigoroso e comprovando suas habilidades através de testes iniciáticos não raro brutais.
Como o essencial do Xamanismo não se reduz a colocar um cocar na cabeça e imitar rituais cujo significado se desconhece, na moderna sociedade ocidental qualquer homem ou mulher que demonstre, por inclinação e afinidade desinteressada de vínculos materiais, aptidão para exercer a medicina do Espírito, realizar o voo extático e honrar a Rede Universal de Poder representada na Natureza do nosso planeta, pode empreender a sua busca, aprender e praticar o Xamanismo.
Porque Xamanismo é simplesmente saber direcionar energias e transpor barreiras – e não é prerrogativa de específicas tradições culturais. É um bem do qual qualquer ser humano pode usufruir, desde que aprenda a utilizá-lo.
http://youtu.be/prag917gcgI?t=2m26s

sexta-feira, 6 de abril de 2012

CILADAS NO CAMINHO DA ASCENSÃO ESPIRITUAL

Autores de livros de auto-ajuda frequentemente listam coleções de atitudes e sentimentos que resultam em entraves para a trajetória daqueles que se empenham na sua evolução espiritual.

Aqui vai a nossa lista de observações para o seu autoexame, com itens que consideramos perigosas armadilhas sempre à espreita do Ego desavisado e que podem conduzir a enganos, resultando em grande perda de tempo na senda:
1. Não reconhecer a negatividade do seu Ego como fonte primeira de todos os problemas, tudo atribuindo a fatores exteriores.
Deixar de vigiar e educar de modo correto o seu Eu Interior, mergulhando intensamente na vida espiritual e tudo ao sobrenatural atribuindo, em desconsideração ao aspecto psicológico da sua personalidade.
2. "Amar" aos outros, descurando a si mesmo. Utilizar o álibi do "serviço ao próximo", ignorando as responsabilidades para consigo próprio e para com os seus dependentes imediatos.
Quem não ama a si mesmo é incapaz de amar a quem quer que seja. Só compartilha quem dispõe de algo a ser compartilhado.
A Escola Terra destina-se ao burilamento do Eu Divino que se encontra em estado bruto e revestido por camadas egóicas no interior de cada um.
3. Comer incorretamente, ignorando a constituição química do seu corpo físico. Acreditar que numa alimentação que restrinja o prazer degustativo, ou no jejum, econtrará as chaves mágicas da ascensão espiritual.
Não praticar exercícios físicos para cuidar do corpo físico que, afinal, é o nosso instrumento principal.
Tender para o ascetismo e desligar-se demasiadamente das coisas da Terra, vitais para a nossa experiência em matéria.
Identificar-se excessivamente com seus corpos mental ou emocional, sem ter ainda atingido o equilíbrio necessário.
Considerar-se evoluído demais para estar na Terra, ao invés de tentar contribuir para uma mudança de paradigma aqui e agora.

4. Exercer domínio sobre os outros através de ameaças e manipulações, sufocando as manifestações do seu livre-arbítrio.
Deixar-se enredar pelo glamour e ilusão dos próprios poderes, acabando por esquecer o amor incondicional - onde reside o poder espiritual supremo.
Ter a pretensão de acreditar e assegurar que está no "final da roda encarnações".
5. Tornar-se um extremista fanático, sem enxergar o equilíbrio do caminho do meio.
Buscar argumento e justificativa nos dogmas das religiões formais, sem exercer com lucidez o seu próprio discernimento.
Apoiar-se e depender da figura de um sacerdote ou guru como intermediário entre si e o Divino.
6. Tornar-se sisudo, autoritário e formal, a ponto de privar-se da alegria e da diversão.
Mascarar tranquilidade e suavidade, enquanto a presunção interior ferve com irritação e intolerância.
7. Ser indisciplinado nas suas práticas espirituais, abandonando-as quando se envolve num relacionamento amoroso e conferindo prioridade a ele, em detrimento do seu processo interno.
8. Esperar que Deus, os Mestres ascensionados - ou seja lá quem for - resolvam todos os seus problemas, intercedam pelas suas dívidas cármicas ou assumam as suas responsabilidades.
Acreditar que alguém teve o privilégio de nascer "pronto" e que os Seres e Mestres ascensionados não trilharam o mesmo caminho dos desafios, provas que a evolução requer.
9 . Convencer-se de que o sofrimento e o cultivo da pobreza são méritos que poderão acelerar a sua evolução ou engrandecê-lo espiritualmente.
O trabalho eficiente que produz frutos e riqueza que a muitos beneficia é uma bendita missão na Terra. Cada um tem o direito de honrar o seu próprio esforço e reconhecer o seu valor.
O manto da humildade costuma servir de disfarce para a arrogância e o orgulho exacerbado. Falsa humildade não deve ser confundida com elevação espiritual.
Quem conhece a sua verdadeira e ínfima dimensão perante o Divino, não precisa mascarar humildade, inferiorizando-se perante os seus semelhantes.
10 . Não fechar o seu campo energético, convencido de que "as boas intenções" o tornam imune a todas as influências negativas.
Achar que, partindo da premissa de ser merecedor, seus desejos e pedidos devem ser sempre "atendidos". Ser bem-sucedido é muito gratificante, mas o objetivo principal da vida não é a obtenção de tudo o que se deseja.
11. Viver na zona de conforto relaxando a vigilância sobre suas falhas, acreditando que está imune a quedas e retrocessos.
12. Ler demais , não meditar o bastante e colocar em prática menos ainda.
13. Considerar uma grande honraria poder servir como canal para entidades de outros planos, ao invés de expressar a sua própria voz.
É preciso estar ciente de que, mesmo o mais evoluído dos Seres - da Terra ou de outro orbe - não detém o conhecimento total ou poderes ilimitados.
Esta é uma prerrogativa da Divindade Suprema - que comanda todo(s) o(s) Universo(s) com seus muitos trilhões de galáxias.
14. Forçar a elevação da sua kundalini e a abertura dos chakras, sem ter ainda o necessário amadurecimento em outros aspectos, como se isso, por si, assegurasse o acesso ao "nirvana". Portanto, o ideal é procurar equilibrar e integrar intuição, intelecto, sentimento e instinto, cada qual na sua devida proporção e valor.
15. Considerar o seu caminho espiritual - quando não o único -melhor do que o dos outros e aferrar-se a este caminho como Verdade única e definitiva, sem considerar que as vias são inúmeras e que a impermanência é constante no Universo manifestado.
É preferível abster-se de discussões ou da pretensão de, no entusiasmo das suas experiências, convidar o outro a experimentar as vivências que são suas. Para cada patamar há afinidades próprias e experiências particulares.

16. Julgar as pessoas em função da sua antigüidade na senda espiritual ou do nível de iniciação que alcançaram. Gabar-se das próprias façanhas espirituais ou das dos seus mentores e guias. Forçar com ansiedade as próximas etapas, ao invés de concentrar-se na realização do trabalho - e nos dissabores - da etapa atual.
17. Competir, comparar-se com outras pessoas e acabar invejando o sucesso alheio, ao invés de perceber que somos únicos, com dons e potencialidades próprias, cada qual segundo circunstâncias e vivências específicas.
Por fim, jamais esquecer que o Caminho é individual e, portanto, solitário.
Não se imbuir da busca infrutífera de uma eventual "alma gêmea", sem perceber que a sua própria Alma - a Mônada - dispõe de ambas as polaridades para se complementar plenamente.