ELIANE HAAS

ELIANE HAAS

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quarta-feira, 4 de agosto de 2010

A IMPORTÂNCIA DA MEDITAÇÃO

A mente, o nosso bem maior - pois nos traz a consciência do Eu Sou - transforma-se na nossa maior inimiga quando a sua tagarelice remoendo fatos do passado ou projetando um futuro hipotético nos impede de estar no aqui e agora.

A diversidade de pensamentos imprestáveis que assaltam a mente é tão grande que acaba criando um emaranhado de intranqüilidade. Esse permanente fluxo de pensamentos desordenados num “diálogo” incessante acaba gerando ansiedades, medos, depressão, irritabilidade ... enfim, todo tipo de emoções negativas que impedem a paz interior tão necessária ao nosso equilíbrio psíquico.

A mente agitada permanece praticamente hipnotizada pelo desfile de idéias e imagens que se sucedem de forma automática, numa atividade compulsiva que, ao invés de aliada, transforma a atividade mental num elemento destrutivo.

A partir da década de 60 do século passado, o ocidente teve contato com mestres orientais e voltou seu interesse para técnicas de meditação como solução para este problema, a fim de compensar o stress cada vez maior.

Cada sistema de meditação é uma tradição viva que se apresenta à pessoa, conforme seus anseios e necessidades, tendo por meta o Um ou o Zero, ou seja, a união com o Divino ou o esvaziamento mental . Nunca tenta manter sob controle o turbilhão de pensamentos que se sucedem, pois qualquer luta para “dominar” a mente seria inútil. Todos os sistemas de meditação são variações de um único processo de transformação da consciência.

A Meditação Transcendental

Uma das técnicas mais simples e que obteve maior popularidade, principalmente no meio acadêmico americano, foi a Meditação Transcendental (MT), formulada pelo Maharishi Mahesh Yogi e, na verdade, apresentando uma embalagem ocidental moderna da doutrina básica do pensamento vedanta da Escola Advaíta de Shankaracharya do séc. VIII. A meta do advaíta não é o nirvana budista, mas a união da mente do meditador com a Consciência Infinita.

Identificando na dualidade a causa fundamental do sofrimento, Maharishi utiliza como recurso para transcendê-la a repetição de um mantra. A designação do mantra individual - e secreto - é vital na MT. A crença de que determinados sons mântricos podem outorgar condições especiais a determinados tipos de pessoas é amplamente difundido no Hinduísmo. Os antigos Saiva Upanishads dissertam sobre cada uma das cinqüenta letras do alfabeto sânscrito, tratando-as como mantra e descrevendo seus atributos.

Como primeiro passo, o meditador é instruído a trazer sua mente suavemente de volta ao mantra toda vez que ela se dispersar. Num segundo momento, o fluxo de pensamento é focalizado num objeto único para, nos últimos estágios, penetrá-lo. Totalmente absorta, a mente move-se para a unidade com o objeto, sustentando um único ponto de foco. Assim, atinge a “consciência transcendental”.

Quando este estado se alterna entre os estados de vigília, sono e sonho; entre atividade normal e períodos de meditação, e nenhuma atividade pode nos subtrair do Ser, o meditador atinge o estado de “consciência cósmica”. Maharishi assim se refere a esta transição:

“ com mais e mais prática, aumenta a capacidade da mente em manter sua natureza essencial enquanto experimenta objetos por meio dos sentidos. Quando isso ocorre, a mente e sua natureza essencial, o estado de Ser transcendental, tornam-se um e a mente então é capaz de conservar sua natureza essencial – Ser – mesmo se comprometida em pensamento, fala e ação” (The science of being and the art of living, 1966).

À medida que a consciência cósmica se aprofunda, seu constante estado de serenidade se intensifica, proporcionando uma maior resistência à força oscilante das tensões cotidianas.

Em estado de consciência cósmica o meditador pode atingir a “consciência Divina”. Ele então renuncia à individualidade e percebe a esmagadora experiência de se encontrar em perfeita harmonia com o Divino e todos os aspectos da Natureza. Para além da “consciência Divina” o praticante pode, através de técnicas mais avançadas, evoluir para estados mais elevados, experimentando o “samadhi”. Ali ele se encontra num estado mental tão refinado que se livra de qualquer ilusão conceitual e desenvolve os chamados poderes sobrenaturais.

Contrária a imposição de qualquer mudança drástica nos hábitos do meditador, mas naturalmente inserida na agenda diária normal, a MT vem alcançando um número crescente de adeptos nos meios mais produtivos da sociedade. Simultaneamente, é capaz de preencher o anseio legítimo do ser humano, no sentido de experimentar estados alterados de consciência nesta senda infinita de fusão com o Divino.

Um comentário:

Vanessa Matos disse...

A direção, a atenção e o tônus são de importância decisiva para o movimento fisico,mental, emocional e espiritual. Sem foco, sem norte, sem bússola, há divagação... e o barco pode naufragar nas águas profundas do inconsciente...
O farol é importante para saber navegar nas águas por tantas vezes turbulentas da mente... com o devido discernimento da luz do farol para elucidar, pois a mente, muitas vezes "na tagarelice" mente...
Foco, direção atenção e tônus... e quando não conseguir... pare e respire, simplesmente, respire até se centrar em si no cerne do coração há medit-ação