ELIANE HAAS

ELIANE HAAS

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domingo, 9 de maio de 2010

NOSSO DESEMPENHO

“Acabará a espécie humana sobre a Terra? Não. Hão de sobrar novos Adão e Eva a refazer o amor e dois irmãos, Caim e Abel, a reinventar a guerra”. Affonso Romano de Sant’ Anna
Desde que, em 1950, Crick e seus colaboradores decifraram o código genético, foi comprovada a unidade da cadeia da vida. Ou seja, algas, árvores, bactérias, animais e humanos somos descendentes de uma única forma originária da vida que surgiu há aproximadamente 3,8 bilhões de anos.
A decodificação do genoma humano, em fevereiro de 2000, confirmou o estreito parentesco entre todos os organismos vivos, comprovando que a mosca, o verme e o ser humano compartilhamos de uma irmandade fundamental baseada em 1523 genes iguais, pois todos somos constituídos a partir de vinte proteínas básicas, combinadas a quatro ácidos nucléicos : guanina, adenina, citosina e timina.
Cada célula do nosso corpo contém informação básica de toda Vida conhecida, proveniente de um ancestral comum, que se desenvolveu originando as ramificações progressivas da árvore da vida.
De australopitecos passamos a homo habilis, homo erectus e, por fim, a homo sapiens sapiens. Conforme evidências da natureza, nenhuma espécie tem duração eterna. Sintomas de esgotamento nas estruturas ou nos paradigmas que regem o seu funcionamento desencadeiam um processo de perda de potencialidade para o futuro propiciando uma nova guinada evolutiva.
A interpretação dos desastrosos fatos históricos conhecidos, ameaçando a sobrevivência do planeta, leva a crer que nossas potencialidades biológicas , como espécie, estão se esgotando e faz-se necessária uma alteração no nosso comportamento. Alteração essa que, aliás, as religiões estabelecidas vem tentando, em vão, nos últimos dois mil anos.
Caso não logremos êxito, nossa espécie será substituída por outra, como foi o homo sapiens neandertalensis, pois não podemos esquecer que todos os seres vivos da atualidade são meros sucessos ecológicos temporários e o resultado de uma seqüencia de fracassos anteriores.
Poderíamos mesmo situar o ser humano no clímax da criação e, conforme patològicamente se auto-intitula, criado à imagem e semelhança de Deus ?
Se por um lado, tem sido capaz das mais sublimes produções artísticas e de avanços tecnológicos extraordinários, continua, como desde sempre se tem notícia, prepotente, egoísta, corrupto, agressivo, intrigante, farsante, assassino. Assassino da sua própria espécie e infanticida.
Como “criado à imagem do Criador”, comete a megalomania de se auto situar no centro do Universo, proclamando que todas as coisas, desde plantas, animais, a Terra e até os outros astros se encontram a sua disposição, para mandos e desmandos.
Será que somos tão especiais a ponto da Consciência ser uma característica peculiar da nossa recentíssima espécie e o nosso desaparecimento anularia o fenômeno da inteligência em todo o Cosmos ?
O fato é que esta espécie que sempre se permitiu, em nome da pátria e da religião, eliminar os seus semelhantes, agora se encontra em condições tecnológicas de atentar contra a vida do planeta que lhe dá a Vida.
Seria essa nossa propensão agressiva decorrente de alguma falha nos circuitos cerebrais e no projeto do nosso genoma, por ocasião da leve mutação no código genético dos nossos ancestrais ? Teria ocorrido uma mutação espontânea desastrosa no genoma, na ocasião em que passamos dos 24 cromossomas dos primatas para os atuais 23 cromossomas dos humanos ?
Uma vez que as religiões não lograram esse aprimoramento ético, fala-se hoje, nos círculos ligados à Nova Era, na alteração no DNA que encerraria esse desastroso período de desvairado e pernicioso comportamento humano.
Só nos resta cumprir cada um a sua parte em prol do próprio aprimoramento e de uma mutação espiritual que supere os condicionamentos da nossa natureza genética, rumo à marcha eterna, aqui ou em outro orbe.

2 comentários:

Cristina Rosas disse...

Tenho muito que caminhar, mas..sinto-me feliz em ver que ao menos não varro o lixo para a caçada vizinha achando que assim...estou livre do "lixo". Essas idéias propostas no texto são mesmo um golpe em muito NARCISO.

Unknown disse...

Reflito muito sobre isso... porque o ser humano, que no calendário cósmico surge no último minuto, portanto uma poeira nesse imenso e fantástico processo de criação, se julga o centro do universo com direitos a destruição e morte? trago essa reflexão um pouco para o lado político de nossas vidas: o ser humano é tão ignorante do processo de criação, tão desvinculado dos saberes da criação, das descobertas da ciência sobre o universo, que não consegue se "ver" enquanto pequena parte(particula)de uma história sobre a qual não tem nenhum poder. O que aprendemos na vida sobre a grandeza do Cosmos, sobre as grandes questões filosóficas sobre as quais alguns predestinados refletem a séculos? saberes que nos são negados por instituições que nós mesmos criamos, Estado, Igreja, Corporações, para quem é mais lucrativo nos manter na ignorância e no medo. Nos fazem acreditar que a natureza é amorfa, sem vida, simples ramo da biologia e nos pertence; que honra e dgnidade é morrer pela pátria em guerras que só atendem aos interesses de poucos; que a verdade "pertence" a determinadas religiões e devemos lutar (morrendo se preciso) para impo-la aos "pagãos"; que a desigualdade social é "natural", faz parte do sistema; que nesse sistema só podem existir "vencedores": aqueles aptos a produzir e consumir. Com isso tudo nos tornamos seres apagados, sem Luz interna, com o olhar vago assistindo a todas as atrocidades e desmandos que acontecem à nossa volta,banalizados pela cegueira do consumismo e pela ignorancia da força que temos enquanto seres espirituais. Não somos feitos à imagem e semelhança de um deus que premeia e castiga. Somos criados da mesma poeira das estrelas, só precisamos saber e acreditar nisso para nos elevar até elas.