No período anterior aos dois últimos milênios, grande parte das civilizações desde a Ásia, passando pelo Egito, todo o Mediterrâneo, Europa, até a atual América do Norte, festejava o novo ciclo do Sol como sendo o acontecimento mais importante da Terra. O chamado solstício de inverno (no hemisfério norte) acontece anualmente no período que varia entre 17 e 25 de dezembro, dependendo do ciclo solar de cada ano, quando o sol ingressa no signo de capricórnio.
Nas arcaicas culturas solares, o solstício de inverno, marcando a mais longa noite e o mais curto dia do ano - a partir de quando a duração do dia começa a aumentar - simbolizava o início da vitória da luz sobre a escuridão.
A mitologia hindu-iraniana fala do Sol como “sol vencedor” e, representando a Luz, era associado ao deus Mitra. Representava também o bem e a libertação da matéria. Junto aos persas, Mitra nasce como filho de Ahura-Mazda, Deus do Bem, segundo as imagens dos templos e os escassos testemunhos escritos que não foram queimados. O culto era celebrado em grutas sagradas e após a vitória de Alexandre sobre os persas, o culto a Mitra se propagou por todo o mundo grego.
A partir do século II, o Mitraismo passa a ser um dos cultos mais importantes no Império Romano, que o incorporou como “sol invictus” e em sua honra, numerosos santuários foram construídos, a maior parte em câmaras subterrâneas.
No ano de 336 o Cristianismo foi decretado religião oficial de Roma, tornando todas as outras ilegais. Se até então, Roma era uma potência mais preocupada com o recolhimento de impostos nos territórios ocupados, deixando que os povos praticassem livremente as respectivas religiões, com o imperador Constantino tornou-se um império religioso, sediando a Igreja Católica Apostólica Romana.
Como o nascimento de Mitra era celebrado em 25 de dezembro, a Igreja Cristã, com a intenção de abolir os cultos pagãos - e como não houvessem registros oficiais sobre o nascimento de Jesus - passou a adotar a data de comemoração do “sol vencedor” como o dia do seu nascimento.
Assim, as celebrações do nascimento do Sol, o filho da Luz, esvaziaram-se do seu real significado e foram substituídas pela festa que receberia o nome de Natal, coincidindo com o solstício de inverno no hemisfério norte.
Tomando por molde os significados místicos e mitologias sagradas legadas pelas antigas civilizações, os diversos Concílios construiram as bases de sustentação para o que hoje se conhece por Cristianismo.
Incorporando essas tradições milenares, possibilitou que fossem adotados os hoje conhecidos relatos sobre o nascimento virginal numa caverna, vida repleta de milagres, morte e ressurreição da sua divindade principal.
A simbologia do nascimento da Luz na sempre Virgem Mãe Terra, dos Seres Divinos que junto a nós operavam curas e milagres foram recolhidas e readaptadas com o intuito de escrever a sua própria história, formatando uma nova religião, que deveria ser única para todo o Império – e, quiçá, para o mundo inteiro.
Desta forma, a data de 25 de dezembro, destituída do seu simbolismo milenar, passou a assinalar a comemoração máxima do mundo cristão.
Um comentário:
Ou melhor, o nascimento de Mitra não podia ser festejado em 25 de dezembro porque sequer existia esse calendário. Era festejado no solstício - e peço desculpes por ter me expressado de forma errada.
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