ELIANE HAAS

ELIANE HAAS

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segunda-feira, 16 de maio de 2011

O QUE VEM A SER IFÁ

Em decorrência das repetidas perguntas que me chegam à respeito da tão popular e distorcida religião dos Orixás, venho introduzir o assunto, discorrendo sobre Ifá, que é a fonte de todo conhecimento e procedimentos sobre como cultuar e utilizar em nosso benefício, essas energias da Natureza.


O sagrado corpo literário de Ifá coloca a seguinte questão: - como saber se estamos cumprindo satisfatóriamente a missão do nosso destino ? Segundo os velhos sábios, quando nossa vida se preenche com paz e harmonia. 
Isso não significa que o sofrimento e a dor sejam abolidos - pois são inerentes à encarnação na Terra - mas quando se consegue obter equilíbrio interior, dentro do aprendizado que a vida traz. 
Citando mais literalmente: “se comermos apenas coisas doces, evitando as amargas, todo alimento perderá o seu sabor”.
Ifá é um sistema oracular voltado para a cura e transformação interior. Quando nos deparamos com um problema, o oráculo é consultado e o caminho prescrito será associado à possível solução.


A finalidade da consulta ao aconselhamento oracular é elucidar e solucionar conflitos, evitando comportamentos ou atitudes ( auto-) destrutivas. É um instrumento destinado a buscar solucionar impasses e não um recurso adivinhatório. 
Ifá não prediz eventos, mas explica as consequências que certamente poderão advir de determinadas atitudes.
Se houvesse algum benefício em operar milagres e predizer fatos, a pessoa se tornaria dependente do oráculo e não aprenderia a por em prática a solução das suas questões, exercer o seu livre arbítrio e, por conseguinte, evoluir segundo o seu próprio mérito.

Ifá não instrui sobre como conseguir o que se deseja, mas como obter o que se necessita – naquele momento, naquela circunstância. Sempre que, apesar do aconselhamento, insistimos obstinadamente num determinado querer, satisfazemos nossa vontade mas perdemos uma oportunidade de aprendizado e autotransformação. Se gastamos tempo querendo ter o que achamos que nos caberia por direito, perdemos a chance de descobrir o que realmente nos seria útil. Uma vez resolvidos os conflitos internos, abre-se naturalmente espaço para que se manifeste a positividade que nos é destinada, em todos os níveis.

A resistência à mudança é a fonte daquilo que Ifá denomina elenini – ou seja, formas-pensamento gerados e alimentadas pela própria psiquê, que atuam contra nós, criando subterfúgios para não realizarmos aquilo que sabemos ser o mais adequado para o nosso sucesso. Elas são identificadas pela teologia cristã como “demônios”, colocados fora da esfera psíquica como entidades independentes que, com vida própria, comprazem-se em prejudicar as nossas boas intenções. Este recurso do “bode-expiatório” acaba resultando num entrave para o amadurecimento psíquico e evolução espiritual, pois todo fracasso é creditado a “outrem”, impedindo assim que se assumam responsabilidades. São uma fonte de desculpas e justificativas para todos os nossos fracassos.
É preciso ter em mente que, nos casos em que eventualmente ocorrem influências negativas externas, nós mesmos é que criamos condições de afinidade para que isso ocorresse. 
Ifá não se baseia em dogma, mas numa forma de encarar o Universo através de uma única permanência : movimento e constante mudança. Ao invés de propagar uma doutrina, renova-se a cada instante, lançando o desafio da autodescoberta.