A recente ocorrência com o Dalai Lama veio alavancar mais um prenúncio de uma Espiritualidade Independente, desnudando a necessidade de queda de uma particularidade recorrente em todas as religiões estabelecidas: a imunidade ética, o endeusamento e a autoridade inquestionável de líderes religiosos/espirituais.
Sem julgar ou pretender analisar a atitude do Dalai Lama, o fato e as reações que deflagrou desnudou atributos que, até então, pensávamos ausentes, pelo menos no Budismo: disputas, autoritarismo, ganância, corrupção, culto a personalidade, intocabilidade sacerdotal. Os opostos pontos de vista defendidos pelas diversas linhagens do Budismo evidenciaram a ruptura que se torna evidente e urgente, demolindo dogmas religiosos de pequenez egóica, muitas vezes escandalosa.
Finalmente estamos adentrando um novo tempo em que as máscaras da idolatria vão ruindo e os buscadores sinceros da Espiritualidade começam a vislumbrar o seu caminho individual, na intimidade Sagrada do seu Ser, assumindo total responsabilidade pelas suas ações, para não precisar se submeter a manipulação autoritária de egos fantasiosos e vaidosos, auto-proclamados “iluminados” ou poderosos “escolhidos” como mediadores entre nós e a Divindade.
A Iluminação Espiritual é uma conquista igualitária, árdua e individual, que não se baseia em pistolões e atalhos. Constatações lúcidas e decepções, tropeços e aprendizados demonstram que nossa graduação na Escola Terra ocorre passo a passo e prescinde de muletas e auxílios de quem, muitas vezes, dá maus exemplos na sua vida cotidiana, tendo pouco a apresentar nos quesitos coerência e evolução espiritual.
Todo esse discurso, para exortar aqueles que atuam em algum tipo de condução de buscadores que, em grupo, praticam e estudam qualquer vertente da Espiritualidade, para que, em primeiro lugar e incessantemente estudem.
Na Terra a nossa Jornada é dinâmica e, a cada dia, somos agraciados com o frescor do aprendizado. Sempre evitando a estagnação das verdades dogmáticas. O respeito pela liberdade do livre-arbítrio de cada um é primordial. Num mundo em mutação, só podemos assumir compromissos perante a nossa própria consciência. Portanto, manter o senso crítico é salutar sinal de lucidez e honestidade.
Jamais exigir que se firmem compromissos que só são admissíveis perante a própria consciência, sem clamar por pompas. Sempre conscientes de que somos uma humanidade ainda muito imatura que pouco nos diferenciamos uns dos outros.
Deve-se evitar todo tipo de subserviência que busca proximidade e intimidade que extrapolam uma admiração restrita e condicional. Em se tratando de guru, padrinho, madrinha, pai ou mãe de santo, pastor, padre ... não aprisionar, seduzindo a pessoa através de um pretenso “poder” espiritual. No decorrer da História tivemos inúmeros Mestres e Guias espirituais que muito nos auxiliaram e legaram valiosos ensinamentos. A eles somos infinitamente gratos.
No limiar desta nova era já não cabe mais que isso se estenda a uma tendência de se idolatrar quem quer que seja, como Ser infalível, cuja pretensa superioridade não se comprova na sua trajetória de vida.
Na qualidade de seguidor, não se orgulhar de amizade privilegiada ou tentar estar próximo, ser íntimo do comando, se deixando aprisionar. Muitas vezes até delegando a responsabilidade das suas escolhas ou decisões, aos conselhos de alguém que, na maioria das vezes, não está minimamente interessado na sua vida e seus sentimentos. Visa apenas garantir a sua própria subsistência ou alimentar a sua vaidosa liderança. Felizmente muitos já estão atentos para essa irreversível mudança de paradigma, abandonando qualquer tipo de dependência pretensamente Espiritual que não passa de distração, para se expandir livremente nesse infinito manancial de livres saberes e livres práticas, tomando o seu cetro de comando soberano e responsabilidade pelo próprio destino numa Nova Conscência.