No período anterior aos
dois últimos milênios, grande parte das civilizações desde a Ásia, passando
pelo Egito, todo o Mediterrâneo, Europa, até a atual América do Norte,
festejava o novo ciclo do Sol como sendo o acontecimento mais importante da
Terra. O chamado solstício de inverno (no hemisfério norte) acontece anualmente
no período que varia entre 17 e 25 de dezembro, dependendo do ciclo solar de
cada ano, quando o sol ingressa no signo de capricórnio.
Nas arcaicas culturas
solares, o solstício de inverno, marcando a mais longa noite e o mais curto dia
do ano - a partir de quando a duração do dia começa a aumentar - simbolizava o
início da vitória da luz sobre a escuridão.
A mitologia
hindu-iraniana fala do Sol como “sol
vencedor” e, representando a Luz, era associado ao deus Mithra. Representava
também o Bem e a libertação da matéria. Junto aos persas, Mithra nasce como
filho de Ahura-Mazda, Deus do Bem, segundo as imagens dos templos e os escassos
testemunhos escritos que não foram queimados. O culto era celebrado em grutas
sagradas e após a vitória de Alexandre sobre os persas, o culto a Mithra se
propagou por todo o mundo grego.
A partir do século II, o
Mithraismo passa a ser um dos cultos mais importantes no Império Romano, que o
incorporou como “sol invictus” e em
sua honra, numerosos santuários foram construídos, a maior parte em câmaras
subterrâneas.
Roma sempre se
caracterizou pela liberdade religiosa, mas isto acabaria se tornando um
problema para os planos de expansão e dominação, pois as revoltas regionais
baseavam-se nas diferentes identidades religiosas das províncias. Assim, o imperador
Constantino, decidido a criar uma ideologia suficientemente forte para manter coesas
as províncias romanas, optou pelo nascente e ainda não organizado Cristianismo,
que por ser uma doutrina dotada de forte caráter repressivo, poderia se adequar
aos seus objetivos.
Constantino oficializou
sua conversão oficial ao Cristianismo, justificada em torno de uma lenda e, no
ano de 325, convocou um concílio em Nicéia, com a finalidade de estabelecer
normas de apoio ao seu projeto de expansão e solidificação do Império. Os
membros do concílio realizaram adulterações e adaptações no Cristianismo então praticado,
acrescentando à personalidade de Jesus diversos elementos e mitos pagãos.
Dentre as dezenas de
relatos – denominados Evangelhos - selecionaram quatro narrativas que, após
adaptações que evitassem contradições, foram decretadas incontestáveis. Os
demais foram considerados “apócrifos” e, portanto, proibidos. Quem neles
acreditasse ou preservasse seria condenado à pena de morte. Outro ponto
importante foi a total descaracterização de Jesus como judeu e a ênfase numa
suposta culpa do povo judeu na sua condenação e morte. Este aspecto
acompanharia o cristianismo através dos milênios, gerando e apoiando o
antissemitismo em todas as suas nuances, justificando a perseguição e a conversão
forçada.
Em 336 o Cristianismo
foi decretado religião oficial de todo o Império Romano, tornando todas as
outras ilegais. Se até então, Roma era uma potência mais preocupada com o
recolhimento de impostos nos territórios ocupados, deixando que os povos
praticassem livremente as respectivas religiões, com o imperador Constantino
tornou-se um império religioso, sediando a Igreja Católica Apostólica Romana.
No entanto, como os povos não esqueciam e
prosseguiam praticando culto as suas Divindades ligadas à Natureza, a Igreja
passou a fazer coincidir as datas dos festejos cristãos àquelas das efemérides
astrológicas. O
calendário oficial também começaria a ser modificado. As festas associadas aos
Deuses de todas as culturas arcaicas começaram a ser cristianizadas onde quer
que se manifestassem. Ao mesmo tempo em
que se tentava destruir a memória ancestral, embutiam seus símbolos e
significados no Cristianismo, a religião oficial do Império, criada e adotada para
atender seus interesses políticos.
Tomando por molde alguns significados
místicos e mitologias sagradas legadas pelas antigas civilizações, os diversos concílios
construiram as bases de sustentação para o que hoje se conhece por Cristianismo.
Incorporando essas
tradições milenares, possibilitou que fossem adotados como originais os hoje
conhecidos relatos sobre o nascimento virginal numa caverna, vida repleta de
milagres, morte e ressurreição da sua divindade principal e única: Jesus.
A simbologia do
nascimento da Luz na sempre Virgem Mãe Terra, dos Seres Divinos que junto a nós
operavam curas e milagres foram recolhidas e readaptadas com o intuito de
escrever a sua própria história, formatando uma nova religião, que deveria ser
única para todo o Império – e, quiçá, para o mundo inteiro.
A imposição do Cristianismo resultou num
banho de sangue que “lavou” a Europa, norte da África, Oriente Médio e Américas,
sempre servindo aos interesses políticos no decorrer da sua História. Com o
édito do imperador Teodósio, todos os cultos pagãos foram proibidos e
demonizados, passíveis de pena de morte. Com a queda do Império Romano, a Igreja
Católica manteve as estruturas políticas e militares do Estado sob seu
controle. Agora ela passaria a desenhar a Europa medieval à sua imagem e
semelhança, implantando o feudalismo, à medida que convertia reis e nobres, mediante
guerras e violência ou simplesmente baseada em conchavos. A “idade das trevas”
estava instalada e, com as grandes navegações, atingiu o continente americano.
Assim, o Cristianismo foi implantado sob pretexto de “civilizar” as culturas nativas,
saqueando e submetendo os povos à sua sanha “salvadora”.
Como o nascimento de Mithra
era celebrado em 25 dezembro, a Igreja Católica, com a intenção de abolir os
cultos pagãos - e na ausência de registros históricos sobre o nascimento de
Jesus - passou a adotar várias datas e firmou-se no 25 de dezembro, data de
comemoração do “sol vencedor”, como o dia do seu nascimento.
Assim, as celebrações do
nascimento do Sol, o filho da Luz, esvaziaram-se do seu real significado e
foram substituídas pela festa que
receberia o nome de Natal, coincidindo com o solstício de inverno no hemisfério
norte.
Desta forma, a data de
25 de dezembro, destituída do seu simbolismo milenar, passou a assinalar a comemoração
máxima do mundo cristão.
Um comentário:
Talvez o mundo em que vivemos fosse bem diferente se aprendêssemos a verdade nas aulas de historia...
Postar um comentário