ELIANE HAAS

ELIANE HAAS

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domingo, 30 de setembro de 2012

A MÚSICA NO NEOXAMANISMO

A música – a Arte das Musas - foi, talvez, a primeira manifestação artística da humanidade. Tudo indica que, antes de registrar nos muros das cavernas divindades e animais, a espécie humana já produzia sons com a finalidade de reproduzir os sons da natureza e afastar o medo, não se sentindo tão só.

Como a música é algo que desvanece no tempo, sem existência palpável no espaço, a sua História que data de, pelo menos, 300 000 anos, só conta com registros recentes. Torna-se tarefa difícil para a Arquelogia estabelecer, mesmo através da forma de antigos instrumentos musicais reproduzidos pictoricamente, o tipo de música que criavam. Tentativas neste sentido não passam de especulação.

O indivíduo capaz de produzir música que encantasse os demais e sobretudo “tocasse” o Divino manifestou-se desde o paleolítico e, por conseguinte, a prática Xamânica tradicional desde sempre esteve estreitamente ligada ao fazer musical.

Esticando-se a pele curtida do animal abatido, construíram-se os primeiros tambores. Ossos transformaram-se em flautas e a voz humana – com ou sem conteúdo verbal – reverenciava a Criação e seus Deuses – emanações da Divindade Suprema, o Grande Mistério.

Mesmo servindo ao caráter lúdico das festividades dançantes e ao entusiasmo heróico das guerras, nunca perdeu seu vínculo divino do músico com o Poder Superior.

Os instrumentos musicais tornaram-se também instrumentos de Poder, responsáveis não só pelo encantamento estético, mas também para transportar o ouvinte a realidades supra-sensoriais e realizar tarefas em outros níveis vibratórios.

A importância efetiva da música nesses níveis é tal que, além de afetar o ser humano através da sua herança filogenética, conforme atesta a recente disciplina da Musicoterapia, segundo o revolucionário best-seller “A vida secreta das plantas, de Peter Tompkins e Christopher Bird”, até as plantas são capazes de sentir e reagir às ondas sonoras puras e também às musicais - ou seja, inteligentes.

No Neoxamanismo a tecnologia de ponta da nossa época possibilitou uma prática musical mais sofisticada e rica, ampliando nosso universo sonoro através da incorporação de timbres e linguagens musicais vinculadas a múltiplas etnias, utilizando desde os mesmos instrumentos do paleolítico, até instrumentos eletroacústicos.

Para servir ao propósito inicial Xamânico, que permanece o mesmo desde os primórdios, o músico deve deter o domínio absoluto do seu instrumento. Isto requer, além do básico talento inato, décadas de dedicação ao instrumento. Então, ser um Mestre na técnica do seu instrumento para transformá-lo em veículo do Grande Mistério e suas Hierarquias, deveria ser condição primordial.

Infelizmente, as aparentes facilidades que a tecnologia atual permite, conduzem, muitas vezes, a um mal entendido onde o iniciante na Arte da Música julga-se já apto a submeter o seu fazer musical aos ouvidos alheios, esquecendo-se de que aprendizado se faz em casa.

Principalmente num estado alterado de consciência, essas tentativas canhestras se agigantam, surtindo o efeito contrário de caos e desarmonia, que acaba comprometendo o propósito do ritual e impedindo o “voo” às esferas superiores.

                                      
Em decorrência disso, seria aconselhável uma tomada de consciência e autoexame por parte daqueles que se pretendem músicos, para só exercer a sua função de serviço no Trabalho Xamânico, quando realmente alcançarem a excelência de se fazer ouvir pelos homens e pelos Deuses, e não para alimentar o seu próprio ego.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

ILUMINANDO A SOMBRA - 2

Conforme observamos anteriormente, dispondo dessa verdadeira Luz Divina – que é o maravilhoso instrumento Ayahuasca – as Jornadas neo-xamânicas no Céu da Águia Dourada são voltadas para o Trabalho de mergulhar na mais profunda intimidade desse nosso Eu velado, para ali desmascarar, iluminar e transmutar aspectos sombrios da nossa personalidade – que anuviam o cristal límpido que deveria ser extensão e reflexo da Luz Maior.
A verdade é que cada ser humano consiste, desde que se manifesta como individualidade, numa “tabla rasa” com todas as características e potencial inerente a sua espécie.
A educação e o trabalho pessoal no sentido da sua própria evolução, no decorrer das várias encarnações, é que vão delinear as diferenças que se manifestam, por vezes, gritantes. Mas, no fundo, somos todos iguais e – com exceção de alguns boddhisatwas que na Terra permanecem em voluntária missão de serviço – nosso planeta é uma Escola de nível ainda baixo, frequentada por alunos com potencial capaz de manifestar, dependendo do estímulo, uma pequena gama de dons que vão desde a mais obscura treva até a resplandecente partícula da Luz Divina.



Ao tomar consciência de que não somos assim tão diferentes dos nossos mais empedernidos “semelhantes”, podemos desenvolver, não um perdão imposto pela religião, mas uma compreensão reconciliatória com todas as fraquezas humanas. Um amor genuíno que reconhece, porque se identifica, uma irmandade verdadeira. Só quando nos identificamos com as falhas alheias é que somos capazes de manifestar uma compaixão sincera, não imbuída de orgulho e falsa superioridade.
No momento em que admitimos que a totalidade de possibilidades faz parte de nós, demolimos preconceitos e somos capazes de nos tornar aquilo que queremos ser, em toda a sua plenitude.

Nesta conscientização está a chave para a verdadeira Liberdade e a realização plena do Ser íntegro para o qual fomos “projetados” e é justamente para este exercício de auto-conhecimento que as nossas Jornadas no Céu da Águia Dourada têm se voltado.
Não é tentando, incessante e insistentemente, visualizar a Luz que nos iluminamos, mas sim tomando consciência da escuridão.